Descoberta de planetas na Estrela de Barnard é um marco na busca por exoplanetas
Segundo astrônomos em um estudo publicado no Astrophysical Journal Letters em 20 de março, a estrela mais próxima do Sol, a Estrela de Barnard, possui seu próprio grupo de planetas. Essa anã vermelha, localizada a aproximadamente seis anos-luz da Terra, abriga quatro planetas em órbitas próximas, cada um com uma massa entre duas e três vezes a de Marte.
A Estrela de Barnard, sempre despertou grande interesse na comunidade astronômica devido à sua proximidade com o nosso Sistema Solar. Recentemente, essa atenção foi intensificada com a descoberta de exoplanetas orbitando essa estrela, representando um avanço significativo na compreensão de sistemas planetários além do nosso.
Identificada em 1916 pelo astrônomo Edward Emerson Barnard, essa anã vermelha destaca-se por ser a estrela solitária mais próxima do Sol, situada na constelação de Ofiúco. Com uma massa cerca de 16% da solar e temperatura superficial inferior, a Estrela de Barnard é invisível a olho nu, mas sua proximidade a torna um alvo primordial na busca por exoplanetas.

Métodos de Detecção e Descobertas Recentes
A detecção de exoplanetas ao redor da Estrela de Barnard foi possível graças ao uso de instrumentos de alta precisão, como o ESPRESSO, acoplado ao Very Large Telescope (VLT) no Chile. Esses instrumentos permitem medir a oscilação sutil da estrela causada pela atração gravitacional de planetas em órbita, utilizando a técnica conhecida como velocidade radial.
Em outubro de 2024, um estudo publicado na revista “Astronomy and Astrophysics” revelou a existência de um exoplaneta, denominado Barnard b, com massa inferior à da Terra, orbitando a estrela a uma distância vinte vezes menor que a de Mercúrio em relação ao Sol. Esse planeta completa uma órbita em pouco mais de três dias terrestres e apresenta temperatura superficial em torno de 125°C, o que inviabiliza a presença de água líquida em sua superfície.
A identificação de planetas rochosos em torno da Estrela de Barnard tem várias implicações significativas:
Proximidade Cósmica: A descoberta de exoplanetas em uma estrela tão próxima oferece uma oportunidade única para estudos detalhados e futuros esforços de caracterização desses mundos.
Avanço Tecnológico: A detecção de planetas com massas inferiores à da Terra demonstra o progresso das técnicas observacionais e a capacidade crescente de identificar exoplanetas menores e potencialmente semelhantes ao nosso.
Compreensão da Formação Planetária: Estudar sistemas como o da Estrela de Barnard contribui para o entendimento dos processos de formação e evolução de planetas em torno de anãs vermelhas, que são as estrelas mais comuns na nossa galáxia.
Proximidade com um custo
Os planetas estão tão próximos da Estrela de Barnard que suas superfícies provavelmente são quentes demais para sustentar a vida.
“Quando a estrela era jovem e ativa, emitiu intensas rajadas de radiação X-UV, além de erupções frequentes e ventos estelares densos. Como resultado, esses planetas, menores que a Terra, provavelmente perderam suas atmosferas, água e qualquer possibilidade de abrigar vida”, explicou Edward Guinan, professor de astronomia e astrofísica da Universidade Villanova, na Pensilvânia, em um e-mail.
Planetas com essas características ainda são pouco estudados fora do nosso Sistema Solar, tornando essa descoberta um passo importante na busca por mundos com massa semelhante à da Terra ao redor de estrelas parecidas com o Sol, afirmou o astrônomo Ritvik Basant.
“Muito do nosso trabalho ocorre de forma gradual, e às vezes é difícil enxergar o quadro geral. Mas encontramos algo que a humanidade poderá conhecer para sempre. Essa sensação de descoberta é extraordinária”, disse Jacob Bean, coautor do estudo e professor do departamento de astronomia e astrofísica da Universidade de Chicago.
Desafios e Perspectivas Futuras
Apesar das condições inóspitas dos planetas descobertos até agora, a pesquisa contínua pode revelar a existência de outros exoplanetas dentro da zona habitável da Estrela de Barnard. Além disso, a confirmação dos planetas candidatos e a caracterização de suas atmosferas são desafios que exigirão observações adicionais e o desenvolvimento de instrumentos ainda mais sensíveis.
A descoberta de exoplanetas orbitando a Estrela de Barnard representa um marco na astronomia moderna, ampliando nossos horizontes e reforçando a busca por mundos além do nosso Sistema Solar.
A busca por vida em exoplanetas continua a fascinar cientistas e entusiastas do espaço. A cada nova descoberta, ampliamos nossa compreensão sobre os diferentes mundos que orbitam outras estrelas e suas possíveis condições para abrigar vida. Mesmo sem evidências concretas até agora, avanços tecnológicos como telescópios mais poderosos e técnicas refinadas de detecção nos aproximam dessa resposta.
Seja encontrando sinais biológicos ou novas formas de habitabilidade, essa jornada não é apenas científica, mas também filosófica: estamos sozinhos no universo? A resposta pode mudar tudo o que sabemos sobre a vida e nosso lugar no cosmos.